quarta-feira, 18 de abril de 2012

Estou de luto

ESTOU DE LUTO


Fomos informados neste mês (abr/2012) que os representantes do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram a favor da descriminalização do aborto de fetos anencéfalos. Apenas dois ministros votaram contra a liberação do aborto nesta circunstância. Dentre eles destaco o ministro Ricardo Lewandowski. Seus argumentos demonstraram sua idoneidade e capacidade de perceber o prejuízo à longo prazo de uma decisão como esta. Infelizmente, isso não foi suficiente sequer para moderar os comentários, no mínimo, hediondos, como o de que feto anencéfalo não pode ser considerado uma vida, por isso sua 'descontinuação' não pode ser caracterizado como aborto. O apelo pela vida sucumbiu sufocado.
Desde que o feto anencéfalo reage de forma semelhante ao feto normal enquanto estiver no ventre da mãe, além de desprezar as considerações das proposições contrárias, é precipitação afirmar que não é uma vida, e que, por isso, sua interrupção não é um aborto. E a sugestão de que a mulher deve ter o direito sobre o seu próprio corpo somente abrirá as portas para o aborto generalizado sob a anuência desta lei. Lewandowski lembrou que a lei já descriminaliza o aborto em casos de estupro e em que se oferece risco à saúde da mulher. Ele, com certeza, acertou ao alertar esta decisão como o primeiro passo para o aborto generalizado. Sobrou-nos o sentimento de que mais um bom e importante conselho foi desprezado. Neste passo que foi dado anuncio o meu luto.
Estou de luto pelas milhares de mulheres de amanhã que não terão o direito de viver por causa do direito da mulher de hoje. Estou de luto porque agora poderemos tirar a vida sancionados pela lei e dizer que não fizemos nada de errado; porque vamos matar nossos filhos sob a legalidade iniciada com esta decisão.
Estou de luto, pois, caiu o nosso lábaro, outrora, ostentado por estrelas que agora não brilham mais. Ordem e progresso na morte do feto? Ele nunca será filho deste solo porque, para ele, esta nação não será uma mãe gentil.
Estou de luto pois nosso estandarte não flamula mais aos ventos da ordem e do progresso; ele camufla a vergonhosa nudez de uma mãe que mata seus filhos.

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